A Indiciplina

Muito poderia ser dito sobre indisciplina e muito se tem falado sobre o tema em contexto escolar. Tem-se dado cada vez mais ênfase a documentos escolares tais como os Estatutos do Aluno, embora estes pouco tenham servido para a resolução desta problemática. O conceito de indisciplina pode traduzir-se por uma série de comportamentos que se manifestam através de uma contestação de regras, de valores impostos e de critérios estabelecidos nas escolas. Traduz um ato ou omissão que contraria as regras básicas estabelecidas pela escola, pelos professores ou pelas comunidades. É necessariamente uma resposta à autoridade dos docentes e faz transparecer uma relação desequilibrada entre professor e aluno, ou até entre outros elementos da comunidade educativa e os alunos. São vários os motivos que se podem apontar para o surgimento de comportamentos indisciplinados que podem decorrer de problemas familiares.

É importante considerar que as relações entre pais e filhos têm vindo a horizontalizar-se, deixando de ser tão hierárquicas, o que pode traduzir-se numa dificuldade na capacidade dos pais controlarem os comportamentos dos filhos. Outras causas que estão na base da indisciplina podem derivar de carências sociais, desmotivação face à escola, pelo aumento da escolaridade obrigatória, por resultados escolares que são considerados injustos, entre muitos outros. Estes comportamentos traduzem, em muitas situações, uma alternativa ao insucesso escolar, uma vez que estes alunos buscam uma valorização do seu comportamento por parte dos pares.

Então, quais as soluções para esta problemática que tem aumentado nas salas de aula portuguesas? Parece que a resposta se centra no ataque ao insucesso escolar (uma vez que estas questões parecem estar associadas) e no garantir que os professores e restantes membros da comunidade educativa recebam formação para gerirem estas problemáticas de forma adequada. Para Lopes (2013), o que faz a diferença no dia-a-dia dos jovens não é a autoridade que as regras sociais conferem mas sim aquela que os professores ganham no quotidiano e, para isso, há regras que têm de ser claras a partir do primeiro dia, assim como uma atuação objetiva na sequência direta de um ato indisciplinado. É a partir destes atos que os professores constroem uma atitude de liderança, o que lhes confere poder para regular os comportamentos dos alunos. Liliana Alves

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